sábado, 3 de maio de 2008

Cartas

Segurei firme entre os dedos para, enfim, terminar aquele amor sem valor que vivi.
Inútil pensar o assim?
Aproximei as cartas do fogo. Quis fazer com que ela sentisse o calor da chama a consumindo por dentro, como um vudu, a fim de fazê-la implorar por minha presença e, então, ajoelhar aos meus pés arrependendo-se desesperadamente, confessar o seu pecado e pedir perdão.
Sim! ela faria isso!
Eu? Não perdoaria!
O fogo, após consumir as extremidades das folhas, engoliu linha por linha, letra por letra, palavra por palavra e, contrariando Camões, ardeu em chamas bem visíveis sobre a minha mão.
As cinzas voaram pela janela poluindo o ar. Antes, pedi ao vento que as levasse às narinas dela. Assim, ela conheceria, até mesmo, o cheiro do fim do nosso amor.

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